quarta-feira, 20 de março de 2013

Túnis: a porta da África

Bem vindos à capital da Tunísia!

Considerada a mais bem conservada cidade árabe antiga, é também uma moderna metrópole em expansão. Isso percebe-se pelas inúmeras áreas em construções na cidade.

Também conhecida como a porta da África. Por quê? Por estar no Noroeste do país mais ao norte do continente africano. E já que estamos falando em porta, apresento a vocês a Porte de France.


Em árabe, a Bab el Bahr (Portão para o mar) recebeu esse nome porque antes da chegada dos franceses no séc. XIX, esse ponto era só um campo aberto até o lago de Tunis. Depois, o monumento tornou-se um símbolo, que separava a parte oriental e a parte européia da cidade (por isso também é conhecido como Porte de France).

Até hoje nota-se essa divisão. De um lado, está a Medina e seu emaranhado de vielas. Do outro, a avenida principal de Tunis.

Todas as principais cidades do mundo tem aquele monumento que a torna conhecida. Brandemburger Tor em Berlim, Coliseu em Roma, Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Estátua da Liberdade em Nova York... E, assim como o Arc de Triomphe é uma extremidade de uma avenida muito ryca em Paris, a Porte de France também tem sua "Avenue de Champs Élisées": a Avenue Habib Bourguiba. É lá que se encontram os cafés chüqs e as lojas que fazem qualquer cartão de crédito chorar: Zara, Mango, Mac e todas as outras que não pertencem ao meu salário! Caminhar por ela é um exercício que toda mulher deveria fazer, principalmente aos sábados de manhã! Ainda não sei bem a extensão dela, mas é grande o suficiente para abrigar teatro, hotéis, igrejas e muita história! Mas isso merece um post especial...

domingo, 17 de março de 2013

Sidi Bou Saïd

Fim de semana, sol, temperatura elevada... É o suficiente para eu e a Vê embarcarmos em mais uma de nossas aventuras!

Repetindo o ritual de pegar o trem no Centre Ville, dessa vez com outro destino: Sidi Bou Saïd. O vilarejo se localiza no Banlieue Nord de Tunis. E sua principal característica é que todas as casas são brancas, com janelas e portas azuis.



Bom, chegando lá, já estávamos preparadas para enfrentar uma boa caminhada (com nosso sempre excelente preparo físico). Começamos a subir as ladeiras, que lembram muito as de Ouro Preto, e já nos deparamos com um Souk (tipo uma feirinha de artesanato).

Atenção, turistas: nesses Souks estrangeiros são alvo fácil. Você chega para perguntar o preço, e eles abusam mesmo! Negocie sempre, porque o preço que eles vão dizer é, no mínimo, 60% a mais do valor real do produto. E se não for comprar, saia andando sem se render ao vendedor. Eles vão te perseguir (como fizeram com a gente) até te convencer a comprar. E os produtos que vendem lá também são vendidos na Medina, a um preço muito mais acessível.

Continuando o passeio, depois de uma pausa para forrar o estômago, terminamos de subir a infinita ladeira e chegamos ao nosso alvo: o Cafe des Délices. 



Entramos nos achando AS DIVAS! Um dia lindo, uma vista maravilhosa do Mediterrâneo, suquinho de laranja (que custou OS OLHOS DA CARA!!!) e muitas gargalhadas! Admirando os "pobres" que chegavam em suas lanchas no cais.





Depois da sessão de fotos (e do assalto para pagar o mísero suco de laranja que tomamos), fomos ao "Mirante dos Pobres" (como batizou a Vê). Cenário sensacional para fotos! E para admirar a cidade toda do outro lado!





De volta às ladeiras, entramos na Dar el Annabi House. É uma casa típica tunisiana, que foi "transformada" num museu. Lá também fizeram uma exposição sobre o casamento típico tunisiano, então tinham noiva, noivo, o ritual da Hennah. Pagamos 3,500 dinares para entrar e ganhamos um Thé de Menthe. Estava gostoso, mas as pessoas aqui não costumam colocar açucar nas coisas! Bom, lá vimos a biblioteca da família, sala de reza, o pátio, tudo do jeitinho que imaginamos ser uma casa árabe.







Lá também tem um panorama. Você sobe todas as escadas possíveis e chega no telhado da casa. É a coisa mais linda, ver de cima aquele mar de casinhas brancas e azuis... e o mar Mediterrâneo ao fundo. Se o vento tivesse contribuído, as fotos ficariam ainda mais lindas.




E depois de muito cansaço, voltamos para a agitada Tunis.

O que marcou? Além da sensação de estar numa Grécia, a grande quantidade de mulheres de burcas que vimos. Mas daquelas que realmente cobriam tudo: usavam luvas e só deixavam os olhos à mostra. Também a quantidade de famílias, que estavam por lá fazendo o passeio de domingo!
E, claro, pela primeira vez ter mostrado meus braços para a Tunísia! Bendito Sol!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Medina

Um passeio pelo Centre Ville de Tunis pode te fazer sentir na Europa, na China, no Paraguai e na África, tudo separado por alguns passos. Do luxo dos cafés e das lojas chüqs da Avenue Habib Bourguiba, aos mercados de tecnologia, passando pelos melhores "centro de negociação": a Medina!

Passando pela "Porte de France", se avista um pequeno comércio e a entrada de uma viela.


Olhando assim, parece apenas uma lojinha barata. Umas roupas penduradas, uns objetos e souvenirs. Mas adentrando na "viela", um mundo novo surge: o mercado típico.


Visitar a Tunísia e não ir à Medina é o mesmo de não ter vindo. Lá se encontra a cultura tunisiana mais autêntica. É um labirinto, ruas estreitas que oferecem todo tipo de artigo: roupas, especiarias, souvenirs, objetos de decoração, comida, bebida... de tudo se encontra lá dentro!

A atmosfera também contribui! Você vê gente de todo tipo, com pressa, ou só admirando... Escuta árabe o tempo todo, música típica... É como mergulhar num mundo diferente, como a gente (pelo menos, eu) via nas novelas da Globo.

O que se encontra em abundância:


  • Tapetes de reza, de todo tipo, tamanho e cor;
  • Bolsas, muitas bolsas! Daquelas típicas até cópias de Louis Vuitton;
  • Lenços e véus: de toda cor e de vários preços. Agora eu entendo porque as muçulmanas, cada dia, aparecem com um véu diferente na cabeça;
  • Roupas típicas: das mais simples, a serem usadas diariamente, até aquelas usadas em cerimônias de casamento. (e é tããããão barata que eu já estou pensando em comprar várias e usar! Vai sair mais barato que usar roupa "normal"!);
  • Todo tipo de condimento;
  • Artigos para a cerimônia de casamento (roupas, sapatos, jóias, e até a "bandeja" usada no processo de fazer a Hena na mão da noiva);
  • Objetos de decoração: dá para montar uma casa com tudo que sai de lá! Tem móveis, tapetes, quadros, enfeites, tudo que se pode imaginar!
  • Souvenirs: tudo aquilo que a gente põe na mala para dizer que lembrou da pessoa. Ímãs, postais, chaveiros, camelinhos (que são MUUUITOOOO FOFOOOSS!!), narguiles...
  • Comida: sim, tem muitos doces e até lugares para se apreciar uma típica comida tunisiana;
  • Cafés de sheesha (só vi homens lá, então deduzi que era um desses cafés masculinos).
Comparado aos outros pontos turísticos que já visitei por aqui, lá é muito mais barato! E ainda há a vantagem da pechincha! Na maioria das "lojas" não há preço marcado na mercadoria. E para turistas, os preços disparam! Mas se você fala francês, já é uma vantagem. E negocie, sempre! O preço inicial sempre pode cair um pouquinho.

Leve dinares, a moeda local. Atualmente a cotação Euro-Dinar é 1€ = 2 TND (aproximadamente). Por isso, para tentar lucrar um pouco, um produto que custa 10 TND pode ser oferecido por 8€. O que, se for feita a conversão, acaba saindo mais caro às vezes. E cuide do seu dinheiro. Não fique exibindo, nem abrindo carteira. Sinceramente, eu não percebi nada suspeito. Mas nunca é demais tomar cuidado, né?!

E quanto mais você adentra, mais coisas aparecem! No fundo, ainda tem mesquita, cafés, museus e outros lugares para serem visitados.
A visita que fiz lá foi um pouco rápida, porque tinha outros compromissos. Mas pretendo voltar muito lá, tem tanta coisa a ser explorada!

Não sei porque saí com essa cara, isso era gostoso!




segunda-feira, 11 de março de 2013

Pardon x Bitte

Tem hora que parece que meu cérebro vai fritar!

Pela (ainda) falta do árabe, eu me viro com o francês: na rua, no trabalho, em lojas. Chego em casa e tem duas alemãs me esperando. O que me resta? Gastar meu alemão!

Nas aulas de francês no Brasil, minha maior dificuldade era falar. Porque eu confundia MUITO com alemão! Imaginem agora, que eu falo as 2 línguas (e muito) por dia?? Às vezes, preciso parar e pensar em qual idioma meu cérebro está funcionando, para poder ver como vou fazer uma frase.

No fim, sempre sai misturado. Já falei alemão com meu chefe no trabalho e vivo respondendo "Oui, bien sûr!" aqui em casa.

Mais um pouco de fluência em árabe e eu chego no Brasil dizendo "Salaam Aleykom"!

domingo, 10 de março de 2013

Muçulmana por um dia

Viver em um país muçulmano é mergulhar numa cultura riquíssima, tradicional e que sempre terá algo a ser descoberto. E minha maior curiosidade, desde os tempos que ainda assistia "O Clone" na Globo, era entrar numa mesquita.

No passeio de Carthage, enquanto passeávamos pelas ruínas romanas, eu e a Vê avistamos uma mesquita. Depois de pedir umas informações e andar muuito, chegamos lá! É a maior mesquita que eu vi por aqui! É realmente muito grande e luxuosa.


Demos uma volta nela toda, admirando os detalhes (até os escritos em árabe). O que mais me encantou foi a grandiosidade dessa mesquita. Elas geralmente são um pouco simples, vistas de fora, mas essa ostentava luxo em tudo!



E depois de dar a volta, vimos uma porta aberta! E agora? Podemos entrar? Bom, a senhorinha que estava saindo disse que sim. Mas deveríamos fazer o ritual da ablução. Esse processo consiste em purificar-se, para entrar na "morada de Allah". Entramos, então, no local de limpeza. Lá, nos deparamos com torneiras e banquinhos.

Uma pequena luta para descobrir como fazer a água sair. Até que percebemos os sensores (séc. 21 chamando!). Depois de limpas, eu resolvi que queria mais. Eu queria entrar na sala de rezas! Cobrimos os cabelos e observamos o que as outras mulheres faziam para poder imitar. Tiramos os sapatos (como vimos) e nos ajoelhamos, caladinhas e observando cada detalhe.



As mesquitas têm 2 salas de rezas, uma para homens e uma para mulheres. É um local muito silencioso, ao contrário do que eu pensava, e que transmite muita paz. Foi um bom momento para descansar os pés e descansar um pouco, aproveitando a tranquilidade.

O que ainda coça minhas mãos é a vontade de tocar o Coran, o livro sagrado. Por não ser muçulmana, não posso tocá-lo. Até mesmo os muçulmanos, para tocá-lo, precisam estar com as mãos bem limpas.


Cada dia descubro um costume novo. Por exemplo, as 5 rezas por dia, que são feitas quando a mesquita começa a cantar (ou gritar). Ou o véu usado pelas mulheres (não todas). Ou as poucas burcas que vi. Essas não são apenas uma túnica larga, elas realmente cobrem o rosto todo, deixando apenas os olhos à mostra. Usam também luvas, para não exibir nenhuma parte do seu corpo.

Já tentaram me converter. Aliás, quando converso com um muçulmano mais tradicional, este sempre tenta me convencer de que o islamismo é o melhor caminho.

Eu respeito muito essa cultura. Mas não, acho que não me adaptaria tanto assim à ela.

sábado, 9 de março de 2013

Carthage

E depois de enfrentar muito frio, vento e chuva, Allah me abençoou com um dia lindo, céu azul, sol raiando e os termômetros passando dos 15º. Era o clima perfeito para descobrir um pouco o que a Tunísia tem a nos mostrar!

Eu e a guria Verônica, então, fomos atrás de um pedaço muito importante da história. No Centre Ville, fomos à Station Tunis Marine e pegamos o trem. Aproximadamente meia hora de "viagem", passando pelo Banlieue Nord da cidade e de olho em todas as estações para saber onde estávamos, e chegamos à estação Carthage Hannibal. Com meu poderoso mapa (invejado pelos outros turistas, que queriam colar na gente para não se perder) já descobrimos onde estávamos e onde se encontrava o local que queríamos visitar. Mas ao sair da estação, no fim da rua avistamos o mar... E juntar uma mineira que precisa ir para o Espírito Santo ver o mar e uma gaúcha que mora longe da praia em frente àquela imagem, não tinha COMO resistir! Atrasamos os planos em alguns minutos, só para poder apreciar um pouco essa vista.


Depois de uma longa caminhada (em meio a ruas largas, cheias de palmeiras e sem a loucura do trânsito tunisino), parar para pedir informações para o guardinha (e uma foto também), comprar alguns souvenirs e discutir sobre o melhor caminho a seguir, finalmente chegamos na primeira parada: as Villas Romaines. Lá pagamos 9 dinars para visitar todos os monumentos de toda Carthage. E mais 1 dinar para poder tirar foto! Por que?? Em nenhum momento vi gente vigiando, nem fiscalizando se tínhamos o ticket de foto!

De lá, se vê uma parte das ruínas romanas (possivelmente, uma zona residencial) e, ao fundo o Mediterrâneo tornando a paisagem como se fosse uma miragem.




Passeamos um pouco pela área. E depois de outra looooonga caminhada pelas ruas, pedindo informações, estudando o mapa e contando com a ajuda dos moradores (com boas dicas de onde cortar caminho), uma pausa para "almoçar" chips e refrigerante. Estômago enganado, continuando o passeio!

Entramos no Musée de Carthage, onde estão expostos artefatos encontrados nas escavações. 
Lá, no exterior, também pode-se ver algumas ruínas. E um detalhe muito peculiar que notamos (e que ainda não descobrimos o motivo) é que nenhuma estátua tem cabeça! E dentro do museu, olha o que encontramos:


De volta à orla, hora de visitar o Thermes d'Antonin, um complexo termal construído pelos romanos. Foi a parte mais divertida e mais cansativa do passeio! Eu, a Verônica e nosso excelente preparo físico resolvemos ir atrás dos melhores cliques! E eles só seriam possíveis de cima. Então, por que não escalar as ruínas? Fazer das pedras degraus (quase do nosso tamanho) e rezar para não cair, senão era morte na certa! A gente poderia simplesmente ter tirado fotos debaixo... mas e a emoção?



Sim, a gente estava em cima de algo assim!

Já começando a sentir as dores da (ativ)idade, pegamos o trem de volta para Tunis. Foi uma tarde (e pouco da manhã), mas eu senti dor como se tivessem sido 3 dias de micareta! Mas sentir a brisa do mar (não o vento gelado) e estar num pedaço tão importante da história da civilização fez tudo valer a pena!



Contextualizando historicamente:

Carthage já foi a maior potência do Mediterrâneo. Maior rival de Roma, era um importante porto comercial, local de chegadas e partidas de navios de mercadorias, principalmente tecidos tingidos pelos fenícios. Graças a esse comércio, a cidade chegou a ser a terceira maior no seu tempo, atrás apenas de Roma e Alexandria.
Sua destruição se deu após as 3 guerras púnicas, quando enfrentaram Roma. Na primeira, Carthage perde o controle marítimo do Mediterrâneo para Roma. Na segunda, o general Aníbal (de Carthage) ataca Roma com um plano mirabolante, mas acaba sendo contra-atacado pelos romanos e tem de recuar, para defender seu país. Na terceira, Carthage, já muito enfraquecida militar, economica e politicamente, foi derrotada e devastada. A cidade foi totalmente arrasada, suas construções destruídas até os alicerces e todo seu solo foi "regado" com sal, para que se tornasse infértil.
Hoje, o que se vê são "algumas pedras" e o resquício do que, um dia, foi uma civilização com uma alta potência comercial.



quarta-feira, 6 de março de 2013

Guria Tchê!

Aqui me aconteceu uma coisa muito estranha. Pela primeira vez eu tenho uma amiga brasileira, fora do Brasil!

Nos meus outros intercâmbios, eu sempre me entrosei muito mais com latinos (principalmente mexicanos pendejos), norte-americanos e asiáticos (sim, asiáticos são demais!).

Mas aqui eu só tenho tunisianos. E as alemãs lá de casa. Mas aquela que está descobrindo um novo mundo comigo é a Verônica, uma gaúchinha tri fofa lá de Santa Maria - RS (é, aquela Santa Maria da boate). Ela também está morando em Tunis (não comigo, infelizmente) e fazendo um estágio.

Apesar do sotaque diferente e das gírias que, às vezes, precisam ser traduzidas, ter alguém que vai entender EXATAMENTE o que eu sinto e quero dizer e que está vivendo as mesmas coisas que eu é como ter uma parceira, irmã ali do lado.

Dividir todo esse turbilhão tunisiano com alguém que está levando o mesmo "choque" me faz sentir um pouco mais normal.

Baaah, e que venham muitas aventuras pra gente, guria!


terça-feira, 5 de março de 2013

Mexe o pescocinho!

Hoje na hora de vir trabalhar (coisa que eu deveria estar fazendo agora!), meu colega de trabalho (aquele que me dá carona) ligou o rádio. E no meio das músicas árabes, começa a tocar essa música:


E não era a versão em inglês, era essa mesmo em português! Depois de uma longa crise de riso, fui tentar ensiná-lo a dançar "mexendo o pescocinho" igual Fat Family. Detalhe: nem eu sei dançar assim!

Agora pensa em como minha manhã começou divertida!

domingo, 3 de março de 2013

A praça que mudou de nome

No Centre Ville, o coração da cidade, se encontra o grande relógio da Place 7 Novembre 1987. Ou melhor...

Na primeira vez que fui ao Centre Ville, sozinha, me aventurei no ônibus. Fui sozinha, com meu mapa na mão, muito medo e muita coragem ao mesmo tempo. Pedi ao trocador que me avisasse quando chegasse ao ponto na Place 7 Novembre, pois era o começo da Avenida Principal da cidade. E ele não entendia o que eu queria. Até que eu mostrei meu mapa e apontei o local. Foi quando ele me explicou que, na verdade, algumas coisas mudaram.

7 de novembro de 1987 foi o dia em que o então presidente da Tunísia, Habib Bourguiba, considerado incapaz de governar, foi substituído pelo primeiro-ministro de seu governo, Zine El Abidine Ben Ali. Durante o período de seu poder, pode-se dizer que a Tunísia vivia uma ditadura. Houve sim um crescimento econômico notável e importante para o país, onde o turismo ganhou mais destaque e também houve um estreitamento na relação com a União Européia. Mas o presidente era acusado de perseguir a oposição, além de fatos como a alta taxa de desemprego, a inflação e a corrupção no governo, que desencadearam em uma revolução.
O estopim foi quando um jovem, vendedor ambulante, ateou fogo no próprio corpo, ato causado pelo seu desespero ao se ver afundando em dívidas com o governo e sem conseguir licença para trabalhar nas ruas. Isso tudo que eu contei vocês já ouviram, pelo nome de Primavera Árabe.

Bom, esse ato do jovem, de "se queimar", causou no país uma série de manifestações que, apesar da repressão, levaram o presidente Ben Ali a fugir para a Arábia Saudita. Esse dia, 14 de janeiro de 2011, foi marcante e uma revolução para a história política da Tunísia.

Por isso, a antiga Place 7 Novembre 1987 agora se chama Place 14 Janvier 2011.


PS: Não confie no seu mapa de edição 2008, ele pode estar desatualizado!

sábado, 2 de março de 2013

É para lá que eu vou!

Quem me conhece um pouco mais, sabe como eu ODEIO não ter controle sobre as coisas! Pode ser pelo fato de eu ser leonina, ou filha única, ou por ter adquirido muitos hábitos alemães... Mas eu tenho essa mania de ter tudo bem cronometrado e programado. Se eu vou passear, nem que seja por um dia, eu preciso saber a hora que vou, que volto, como vou me locomover e o que vou fazer. Sou assim, gente! O que posso fazer?!

Nos primeiros dias aqui na Tunísia eu fiquei doente de nervosismo... porque eu não tinha controle sobre nada! Ninguém me falava nada! Eu não sabia onde eu estava, para onde eu ia, a que horas... Só vinha alguém, me levava e falava: depois eu te busco. Isso me irritava profundamente! Eu gosto de ser independente, saber o que e como fazer, não gosto nem um pouco de depender de outras pessoas.

Por isso, para tentar acabar com essa agonia, pedi ajuda ao Nizar, um amigo tunisiano simpaticíssimo! O conheci por meio de um tunisiano que eu conheci no Brasil. Ele me buscou e me levou para comprar minha melhor aquisição tunisiana: meu mapa!


É muito bom aprender a me locomover sozinha! Agora sei onde moro, onde trabalho e o caminho que o taxista vai fazer.

Lac: área do meu trabalho
Grand Tunis e suas zonas

Na verdade, o mapa é um livro. Na imagem da direita, vocês vêem um mapa da cidade toda, dividida por zonas. Na esquerda, está como cada área é mostrada. Todas as ruas, avenidas e rodovias.

Demorei um pouco para aprender a utilizá-lo bem. Mas nada que uma noite de "estudos" não resolva o problema!